sábado, 23 de junho de 2012

Rango



É o quarto filme em que o diretor Verbinski e Johnny Depp (Rango), trabalham juntos. Só no Brasil foram vendidos 981.871 ingressos. Primeiro longa em computação gráfica do diretor Gore Verbinski, Rango deixa claro desde o início que será um filme de faroeste. A abertura é feita com um quarteto de corujas cantoras musicais, mas no momento seguinte, aparece um lagarto usando camisa havaiana, preso dentro de um aquário cheio d’água, em um monólogo com uma boneca sem cabeça, um peixe de dar corda, uma palmeira de plástico. Mais tarde aparece também um violão que ele toca.



Diferente das demais animações que se vê por aí, Rango com certeza não é um filme para crianças, com personagens bonitinhos e fofinhos. Apesar das partes engraçadas, a essência de Rango é profunda e seu tema é a falta de água na cidade de Poeira. A começar pelo nome da cidade, a seca quase pode ser sentida por quem vê o filme através da paisagem de areia e as garrafas empoeiradas e vazias que tilintam sob a brisa quente do deserto.


Dentro desse cenário, o lagartinho protagonista é inserido e destoa dos demais personagens. Para começar, ele estava acostumado a viver uma vida fresca e solitária dentro do seu aquário cheio de água. Enquanto todos os moradores de Poeira usam roupas características de cidades do Velho Oeste, o lagarto aparece com uma camisa havaiana. Com certeza o local em nada se parece com o Havaí.



Uma característica peculiar dos personagens são os seus grandes e expressivos olhos, que reforçam a ideia do desespero e angústia que sentem pela falta de água. Rango trás a esperança para os moradores de Poeira, que o tornam o xerife da cidade. Como já é de se esperar, a água, como bem mais precioso da cidade, é a moeda de troca deles. Os habitantes da cidade a depositam em um banco e há muitos anos quem manda na cidade é o prefeito (uma tartaruga em cadeira de rodas). Esse mesmo prefeito diz uma frase bastante interessante: “Quem detém a água controla o poder.” Com esse pensamento ele engana a cidade durante anos. Apesar de não ser um filme brasileiro, qualquer semelhança com os nossos políticos não deve ser mera conhecidência.



Em comum com os demais filmes de faroeste, o lagarto se enquadra no papel do caubói solitário, e assim como Clint Eastwood que é famoso pelos seus papeis como um cara durão, Rango tenta ganhar seu espaço e se tornar popular. Como os demais heróis do faroeste, Rango também se apaixona pela “mocinha”, que neste caso é a dona Feijão, uma estranha criatura pra lá de caipira que tenta salvar as terras do seu falecido pai.



Na animação, um aspecto bastante trabalhado é o psicológico e comportamental dos personagens, em especial, o de Rango e a Srta. Feijão. Ele passa o filme todo em um incessante busca para descobrir quem ele é e ela, em situações em que se sente ameaça ou que a pressão é muito forte, fica com seu corpo completamente paralisado e fica “fora do ar”. Feijão pode ser considerada a Maria Bonita do Velho Oeste, pois diferente dos demais personagens que são inocentes e manipuláveis, ela sabe dos seus direitos, se envolve com as questões políticas e se propõe a descobrir as corrupções que ocorrem na cidade. Como qualquer outro filme, Rango tem lá os seus problemas, mas também é um filme inteligente, engraçado e riquíssimo em detalhes.


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