É
o quarto filme em que o diretor Verbinski e Johnny Depp (Rango), trabalham
juntos. Só no Brasil foram vendidos 981.871 ingressos. Primeiro longa em
computação gráfica do diretor Gore Verbinski, Rango deixa claro desde o início
que será um filme de faroeste. A abertura é feita com um quarteto de corujas
cantoras musicais, mas no momento seguinte, aparece um lagarto usando camisa
havaiana, preso dentro de um aquário cheio d’água, em um monólogo com uma
boneca sem cabeça, um peixe de dar corda, uma palmeira de plástico. Mais tarde
aparece também um violão que ele toca.
Diferente
das demais animações que se vê por aí, Rango com certeza não é um filme para
crianças, com personagens bonitinhos e fofinhos. Apesar das partes engraçadas,
a essência de Rango é profunda e seu tema é a falta de água na cidade de
Poeira. A começar pelo nome da cidade, a seca quase pode ser sentida por quem
vê o filme através da paisagem de areia e as garrafas empoeiradas e vazias que
tilintam sob a brisa quente do deserto.
Dentro
desse cenário, o lagartinho protagonista é inserido e destoa dos demais
personagens. Para começar, ele estava acostumado a viver uma vida fresca e solitária
dentro do seu aquário cheio de água. Enquanto todos os moradores de Poeira usam
roupas características de cidades do Velho Oeste, o lagarto aparece com uma
camisa havaiana. Com certeza o local em nada se parece com o Havaí.
Uma
característica peculiar dos personagens são os seus grandes e expressivos
olhos, que reforçam a ideia do desespero e angústia que sentem pela falta de
água. Rango trás a esperança para os moradores de Poeira, que o tornam o xerife
da cidade. Como já é de se esperar, a água, como bem mais precioso da cidade, é
a moeda de troca deles. Os habitantes da cidade a depositam em um banco e há
muitos anos quem manda na cidade é o prefeito (uma tartaruga em cadeira de
rodas). Esse mesmo prefeito diz uma frase bastante interessante: “Quem detém a
água controla o poder.” Com esse pensamento ele engana a cidade durante anos.
Apesar de não ser um filme brasileiro, qualquer semelhança com os nossos
políticos não deve ser mera conhecidência.
Em
comum com os demais filmes de faroeste, o lagarto se enquadra no papel do
caubói solitário, e assim como Clint Eastwood que é famoso pelos seus papeis
como um cara durão, Rango tenta ganhar seu espaço e se tornar popular. Como os
demais heróis do faroeste, Rango também se apaixona pela “mocinha”, que neste
caso é a dona Feijão, uma estranha criatura pra lá de caipira que tenta salvar
as terras do seu falecido pai.
Na
animação, um aspecto bastante trabalhado é o psicológico e comportamental dos
personagens, em especial, o de Rango e a Srta. Feijão. Ele passa o filme todo
em um incessante busca para descobrir quem ele é e ela, em situações em que se
sente ameaça ou que a pressão é muito forte, fica com seu corpo completamente
paralisado e fica “fora do ar”. Feijão pode ser considerada a Maria Bonita do
Velho Oeste, pois diferente dos demais personagens que são inocentes e
manipuláveis, ela sabe dos seus direitos, se envolve com as questões políticas
e se propõe a descobrir as corrupções que ocorrem na cidade. Como qualquer
outro filme, Rango tem lá os seus problemas, mas também é um filme inteligente,
engraçado e riquíssimo em detalhes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário