segunda-feira, 25 de junho de 2012

O caso dos dez negrinhos



Dez negrinhos vão jantar enquanto não chove;
Um deles se engasgou e então ficaram nove.
Nove negrinhos sem dormir: não é biscoito!
Um deles cai no sono, e então ficaram oito.
Oito negrinhos vão a Devon de charrete;
Um não quis mais voltar, e então ficaram sete.
Sete negrinhos vão rachar lenha, mas eis
Que um deles se corta, e então ficaram seis.
Seis negrinhos de uma colmeia fazem brinco;
A um pica uma abelha, e então ficaram cinco.
Cinco negrinhos no foro, a tomar os ares;
Um ali foi julgado, e então ficaram dois pares.
Quatro negrinhos no mar; a um tragou de vez
O arenque defumado, e então ficaram três.
Três negrinhos passeando no Zôo.
E depois? O urso abraçou um, e então ficaram dois.
Dois negrinhos brincando ao sol, sem medo algum;
Um deles se queimou, e então ficou só um.
Um negrinho aqui está a sós, apenas um;
Ele então se enforcou, e não ficou nenhum.
Esse verso de criança, aparentemente tão inocente, relata como morrem dez pessoas na Ilha do Negro. A convite do misterioso U.N. Owen, essas dez pessoas vão passar uma semana numa ilha. Cada um recebeu um convite personalizado, com características que torne o desconhecido Sr. Owen familiar. Desse modo, todos aceitam o convite sem sequer se perguntarem quem é esse homem. Além do mais, a ilha em questão tem sido motivo de muitas especulações das pessoas, pois ninguém sabia quem a havia comprado. De certa forma, esses dez que foram convidados a conhecê-la de graça, sentiram-se honrados de serem escolhidos dentre tantos outros curiosos para a estadia na ilha.
Levados por uma lancha são recebidos na ilha pelo mordomo da casa, que transmite as desculpas do anfitrião que não poderá encontrá-los antes do dia seguinte. Aproveitam a situação para se instalarem em seus quartos e se conhecerem melhor. Nos aposentos de cada um, existe uma moldura com o poema dos dez negrinhos, tão familiar de suas infâncias. Mais tarde desfrutam todos de um delicioso jantar e se põem a conversar animadamente. Eles percebem que na mesa se encontram dez pequenas figuras de negrinhos de porcelana.


Após a refeição, enquanto conversam são surpreendidos por uma voz vinda da parede, que começa a acusar cada um dos presentes de ter cometido um crime de morte. Todos ficam horrorizados e de tão afetada, a esposa do mordomo e então cozinheira, sofre um desmaio. Depois de reanimá-la põem-se a procurar a origem da voz misteriosa. Em um cômodo à parte encontram uma antiga vitrola engenhosamente depositada junto à parede. Voltam o disco e começam a ouvir novamente a narrativa das acusações.
Indagado, o mordomo confessa que sob ordens do Sr. Owen havia feito aquela façanha. Passado o susto, resolvem beber e na euforia do momento Anthony James Marston talvez tenha bebido deliberadamente rápido, mas fato é que ele se engasgou, ficou sem ar, com aspecto arroxeado e caiu morto. Tentaram ainda salvar o infeliz, mas já era tarde demais.


Na manhã seguinte, o mordomo Rogers chama o Dr. Armstrong apavorado, pois não conseguia acordar sua esposa. Às pressas o médico foi ao quarto e constatou que a Sra. Rogers estava morta.
Após o café da manhã deram a notícia para os demais presentes. Foi mais ou menos nesse momento que perceberam que não mais havia dez negrinhos sobre a mesa, mas apenas oito. Até então não cogitavam a possibilidade de um assassinato em massa, mas após esses acontecimentos...
Depois da terceira morte eles finalmente concluíram que um assassino louco estava à solta pela ilha e fizeram uma busca minuciosa por toda ela. Não encontraram ninguém. A única conclusão a que chegaram foi a de que algum deles ali presentes era o assassino. Todos concordaram e uma onda de medo passou a perambular sobre todos. Um desconfiava do outro, e a cada morte o medo se intensificava mais.
Conforme as pessoas iam morrendo, os negrinhos de porcelana iam sumindo de cima da mesa. Todos só queriam saber de ir embora, mas o tempo fechou e eles ficaram presos dentro de casa. Tudo era muito estranho, mas eles sequer podiam dizer que a casa era mal assombrada, pois era clara, não possuía nenhum compartimento secreto e era extremamente moderna. Tudo isso deixava as pessoas ali presentes ainda mais assustadas.


Assim como no poema dos dez negrinhos, um a um foi morrendo. Quem não tinha uma morte igual ao que estava descrito no poema, era o mais parecida possível. Ficaram duas pessoas na ilha, e agora, cada um deles tinha certeza que o outro era o assassino. No minuto seguinte, houve um disparo e um corpo cai inerte no chão. “Um negrinho aqui está a sós, apenas um” Como era mesmo a última estrofe do poema? Sim... “Ele então se enforcou, e não ficou nenhum.” A última pessoa sobe para o seu quarto e misteriosamente uma forca havia sido preparada à sua espera. Sem raciocinar mais, tomada pelo medo, cansaço e o choque pelos últimos acontecimentos, ela se enforca.
Um grupo de escoteiros encontra um dos corpos que jazia entre duas pedras na praia. A polícia foi chamada e lá estavam dez corpos e nenhuma viva alma que pudesse ser acusada. Depois de muito quebrar a cabeça e investigar, a polícia recebe uma carta nada anônima contando como tudo aquilo fora planejado e executado. Mas, quem quiser saber como tudo realmente aconteceu, vai ter que ler o livro! 

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