Dez
negrinhos vão jantar enquanto não chove;
Um
deles se engasgou e então ficaram nove.
Nove
negrinhos sem dormir: não é biscoito!
Um
deles cai no sono, e então ficaram oito.
Oito
negrinhos vão a Devon de charrete;
Um
não quis mais voltar, e então ficaram sete.
Sete
negrinhos vão rachar lenha, mas eis
Que
um deles se corta, e então ficaram seis.
Seis
negrinhos de uma colmeia fazem brinco;
A
um pica uma abelha, e então ficaram cinco.
Cinco
negrinhos no foro, a tomar os ares;
Um
ali foi julgado, e então ficaram dois pares.
Quatro
negrinhos no mar; a um tragou de vez
O
arenque defumado, e então ficaram três.
Três
negrinhos passeando no Zôo.
E
depois? O urso abraçou um, e então ficaram dois.
Dois
negrinhos brincando ao sol, sem medo algum;
Um
deles se queimou, e então ficou só um.
Um
negrinho aqui está a sós, apenas um;
Ele
então se enforcou, e não ficou nenhum.
Esse
verso de criança, aparentemente tão inocente, relata como morrem dez pessoas na
Ilha do Negro. A convite do misterioso U.N. Owen, essas dez pessoas vão passar
uma semana numa ilha. Cada um recebeu um convite personalizado, com
características que torne o desconhecido Sr. Owen familiar. Desse modo, todos
aceitam o convite sem sequer se perguntarem quem é esse homem. Além do mais, a
ilha em questão tem sido motivo de muitas especulações das pessoas, pois
ninguém sabia quem a havia comprado. De certa forma, esses dez que foram
convidados a conhecê-la de graça, sentiram-se honrados de serem escolhidos
dentre tantos outros curiosos para a estadia na ilha.
Levados
por uma lancha são recebidos na ilha pelo mordomo da casa, que transmite as
desculpas do anfitrião que não poderá encontrá-los antes do dia seguinte.
Aproveitam a situação para se instalarem em seus quartos e se conhecerem
melhor. Nos aposentos de cada um, existe uma moldura com o poema dos dez
negrinhos, tão familiar de suas infâncias. Mais tarde desfrutam todos de um
delicioso jantar e se põem a conversar animadamente. Eles percebem que na mesa
se encontram dez pequenas figuras de negrinhos de porcelana.
Após
a refeição, enquanto conversam são surpreendidos por uma voz vinda da parede,
que começa a acusar cada um dos presentes de ter cometido um crime de morte.
Todos ficam horrorizados e de tão afetada, a esposa do mordomo e então
cozinheira, sofre um desmaio. Depois de reanimá-la põem-se a procurar a origem
da voz misteriosa. Em um cômodo à parte encontram uma antiga vitrola
engenhosamente depositada junto à parede. Voltam o disco e começam a ouvir
novamente a narrativa das acusações.
Indagado,
o mordomo confessa que sob ordens do Sr. Owen havia feito aquela façanha. Passado
o susto, resolvem beber e na euforia do momento Anthony James Marston talvez
tenha bebido deliberadamente rápido, mas fato é que ele se engasgou, ficou sem
ar, com aspecto arroxeado e caiu morto. Tentaram ainda salvar o infeliz, mas já
era tarde demais.
Na
manhã seguinte, o mordomo Rogers chama o Dr. Armstrong apavorado, pois não
conseguia acordar sua esposa. Às pressas o médico foi ao quarto e constatou que
a Sra. Rogers estava morta.
Após
o café da manhã deram a notícia para os demais presentes. Foi mais ou menos
nesse momento que perceberam que não mais havia dez negrinhos sobre a mesa, mas
apenas oito. Até então não cogitavam a possibilidade de um assassinato em
massa, mas após esses acontecimentos...
Depois
da terceira morte eles finalmente concluíram que um assassino louco estava à solta
pela ilha e fizeram uma busca minuciosa por toda ela. Não encontraram ninguém.
A única conclusão a que chegaram foi a de que algum deles ali presentes era o
assassino. Todos concordaram e uma onda de medo passou a perambular sobre
todos. Um desconfiava do outro, e a cada morte o medo se intensificava mais.
Conforme
as pessoas iam morrendo, os negrinhos de porcelana iam sumindo de cima da mesa.
Todos só queriam saber de ir embora, mas o tempo fechou e eles ficaram presos
dentro de casa. Tudo era muito estranho, mas eles sequer podiam dizer que a
casa era mal assombrada, pois era clara, não possuía nenhum compartimento
secreto e era extremamente moderna. Tudo isso deixava as pessoas ali presentes
ainda mais assustadas.
Assim
como no poema dos dez negrinhos, um a um foi morrendo. Quem não tinha uma morte
igual ao que estava descrito no poema, era o mais parecida possível. Ficaram
duas pessoas na ilha, e agora, cada um deles tinha certeza que o outro era o
assassino. No minuto seguinte, houve um disparo e um corpo cai inerte no chão.
“Um negrinho aqui está a sós, apenas um” Como era mesmo a última estrofe do
poema? Sim... “Ele então se enforcou, e não ficou nenhum.” A última pessoa sobe
para o seu quarto e misteriosamente uma forca havia sido preparada à sua
espera. Sem raciocinar mais, tomada pelo medo, cansaço e o choque pelos últimos
acontecimentos, ela se enforca.
Um
grupo de escoteiros encontra um dos corpos que jazia entre duas pedras na
praia. A polícia foi chamada e lá estavam dez corpos e nenhuma viva alma que
pudesse ser acusada. Depois de muito quebrar a cabeça e investigar, a polícia
recebe uma carta nada anônima contando como tudo aquilo fora planejado e
executado. Mas, quem quiser saber como tudo realmente aconteceu, vai ter que
ler o livro!