Desde pequena eu tinha o sonho de estudar em um colégio interno. Achava o máximo ouvir as histórias dos adolescentes que vinham de todos os lugares do país e do mundo para estudar. Era um excelente oportunidade para fazer novos amigos e passar por novas experiências.
Com 16 anos de idade finalmente tive a chance de realizar meu sonho. Consegui uma bolsa para estudar no colégio, mas teria que trabalhar nele para pagar meus estudos. Cheguei antes de todos os novatos. Nunca tinha pisado no Estado de Minas até quinta feira. Conforme fui me aproximando do colégio, meu coração foi ficando apertado e bateu uma vontade enorme de voltar para casa.
Eu e minha mãe largamos as malas na recepção do dormitório feminino e fomos para o refeitório jantar.
Eu que costumava ser uma menina alegre e falante, estava mais calada do que nunca. Que agonia! Na manhã seguinte minha mãe faria minha matrícula e voltaria para São Paulo. Para piorar, a manhã de sexta feira estava fechada e com chuva. Tudo isso só aumentava a minha angústia. A gota d’água foi o abraço de despedida entre mãe e filha, nas escadas do prédio escolar, abrigadas apenas por um pequeno guarda - chuva.
E lá estava eu, em um Estado novo e sem conhecer ninguém. Por recomendações da minha mãe, as meninas não me deixaram sozinha em nenhum momento, o que me impediu de chorar. A luta pela sobrevivência me fez com que eu me esforçasse a conversar e logo a dor do abandono foi passando.
Em três dias comecei a trabalhar, fiz novos amigos com quem fazia as refeições e participava das programações do colégio e conquistei a confiança do meu chefe. Mas com tudo isso veio um monte de regras estranhas que é melhor nem comentar...
Logo começaram as aulas, mais alunos chegaram e conheci minhas novas colegas de quarto.
O sonho de minha infância tinha seus dias de pesadelo. As responsabilidades e compromissos foram aumentando, tive algumas dificuldades nas matérias escolares, sofri muita inveja por ter muitos amigos e carisma. Além disso o trabalho era desgastante.
Passaram-se seis meses, e eu fui para São Paulo curtir meus 12 dias de férias com meus pais. Tudo parecia diferente. A casa e as panelas tinham encolhido, sentia falta dos meus amigos e das atividades do colégio. E assim s e passaram dois anos até que meus pais foram para a minha formatura do ensino médio e me levar de volta para casa.
Hoje, quando olho para trás, sinto saudades de tudo o que vivi, dos amigos que deixei e até mesmo dos dias em que chorava e pensei em desistir de tudo. Mas eu sei, que todas as coisas que passei lá me ajudaram a criar maturidade e a me tornar na mulher que hoje sou.
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