Você já teve um dia em que tudo parecia ter dado errado? Foi o que aconteceu comigo, com a diferença que não foi só um dia, foi quase um mês inteiro.
Mais um semestre acabou e eu teria que dar um jeito de conseguir o dinheiro para pagar o restante do ano letivo. Como nas férias seguintes, viajei para uma cidade desconhecida para realizar palestras e vender livros nas empresas.
Os primeiros dias foram um tremendo fiasco. Andava o dia todo abaixo de um sol escaldante, com uma roupa social nada confortável e as bolhas nos pés se faziam notar. A cidade parecia uma panela de pressão, pronta pra queimar meus neurônios – tão necessários para convencer os empresários a participar do meu projeto.
A empolgação do início do dia foi diminuindo conforme os nãos das empresas aumentavam. Numa delas fiquei esperando o dono, sentada numa cadeira dura durante três horas. Quando ele finalmente decidiu me atender, após 5 minutos de conversa fui dispensada. Para piorar, estava sozinha num lugar em que não conhecia ninguém. Minha companheira de trabalho chegaria dentro de três dias e até lá eu teria que conversar com as paredes.
Quando o trabalho finalmente começou a engrenar, a cidade sofreu uma enchente e ficamos sem material pra trabalhar. Entramos no velho carro que tínhamos a disposição para buscar os livros necessários na cidade vizinha. Tínhamos 2 horas para ir a São João da Boa Vista e voltar para Vargem Grande do Sul, trocar de roupa, arrumar o equipamento e chegar na empresa.
Após pegar o material, na metade do caminho de volta percebemos que havia algo errado. Por ser um carro velho, o tanque estava no fim da reserva e o marcador não mostrava. Foi uma vergonha só ir jogando o carro de um lado para o outro na pista a fim de usar os suspiros finais do combustível. Felizmente o carro só parou de vez bem em frente a uma bomba de gasolina.
Na hora de sair para a palestra, guardamos tudo no carro e não percebemos que a chave ficou trancada dentro do porta malas. A Sílvia sugeriu tentar abrir a porta com a chave da salinha onde estávamos dormindo e por sorte funcionou. Chegando à empresa, a pessoa com quem eu tinha fechado contrato não estava presente. Nossa plateia era só de mulheres Não riram de nenhuma piada contada na palestra e ninguém ficou com os nossos livros. Se eu não mostrasse o contrato, nem a nossa taxa de matrícula iríamos ganhar.
Apesar de que tudo que vai mal pode vir a piorar, as coisas em algum momento melhoram. Praticamente na hora de voltar às aulas, tivemos uma palestra maravilhosa – até a hora de o empresário assinar o cheque dos livros. Só faltei apanhar do homem, mas no fim ele decidiu nos pagar.
Ao fazer as contas do meu lucro naquelas férias, percebi que tinha o dinheiro exato para voltar para a faculdade. Apesar de todo o sofrimento e desgraça, nosso esforço foi recompensado e as metas atingidas. Em nenhuma férias mais saí tão bem financeiramente quanto naquela, onde não podia se esperar nada da cidade de Vargem Grande do Sul.
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