sábado, 29 de outubro de 2011

Até onde vai a liberdade de imprensa?



No Brasil, a liberdade de imprensa se diz vigente. Mas pelo que se vê, lê e ouve todos os dias no noticiário, até que ponto será que isso é verdade? Para quem conhece e usa aquele velho jargão “quem fala o que quer, ouve o que não quer”, esse é um bom lugar para aplicá-lo.
Programas como Pânico e CQC enfrentam esse tipo de situações todos os dias. Boa parte da verba deles é destinada apenas para pagar processos. Seus apresentadores até “brincam” com isso em cadeia nacional. Também não há do que reclamar. Eles escolheram passar a informação dessa forma.
Mesmo propagandas e telejornais sérios passam por isso. Quando um veículo transmite uma informação errônea ou que fere a honra de alguém, deve estar preparado para ouvir o direito de resposta em tempo proporcional ao que foi dito pelo veículo de comunicação. Cada um quer proteger seus próprios interesses e por mais que o compromisso do jornalista seja com a verdade, se ela for contra a visão da empresa, o profissional terá duas opções. Ou cala a boca e deixa sua matéria ser derrubada, ou sai do veículo e conta a sua história. A escolha será de cada um deles segundo a sua moral e ética.
Tudo o que foi aqui descrito não é nenhuma novidade (pelo menos não deveria ser). Assim somos remetidos a questão inicial. Até onde vai a liberdade de imprensa? De duas, uma. Ou ela não existe de fato, ou então termina onde começam os interesses do outro.

Tudo passa....



Desde pequena eu tinha o sonho de estudar em um colégio interno. Achava o máximo ouvir as histórias dos adolescentes que vinham de todos os lugares do país e do mundo para estudar. Era um excelente oportunidade para fazer novos amigos e passar por novas experiências.
Com 16 anos de idade finalmente tive a chance de realizar meu sonho. Consegui uma bolsa para estudar no colégio, mas teria que trabalhar nele para pagar meus estudos. Cheguei antes de todos os novatos. Nunca tinha pisado no Estado de Minas até quinta feira. Conforme fui me aproximando do colégio, meu coração foi ficando apertado e bateu uma vontade enorme de voltar para casa.
Eu e minha mãe largamos as malas na recepção do dormitório feminino e fomos para o refeitório jantar.
Eu que costumava ser uma menina alegre e falante, estava mais calada do que nunca. Que agonia! Na manhã seguinte minha mãe faria minha matrícula e voltaria para São Paulo. Para piorar, a manhã de sexta feira estava fechada e com chuva. Tudo isso só aumentava a minha angústia. A gota d’água foi o abraço de despedida entre mãe e filha, nas escadas do prédio escolar, abrigadas apenas por um pequeno guarda - chuva.
E lá estava eu, em um Estado novo e sem conhecer ninguém. Por recomendações da minha mãe, as meninas não me deixaram sozinha em nenhum momento, o que me impediu de chorar. A luta pela sobrevivência me fez com que eu me esforçasse a conversar e logo a dor do abandono foi passando.
Em três dias comecei a trabalhar, fiz novos amigos com quem fazia as refeições e participava das programações do colégio e conquistei a confiança do meu chefe. Mas com tudo isso veio um monte de regras estranhas que é melhor nem comentar...
Logo começaram as aulas, mais alunos chegaram e conheci minhas novas colegas de quarto.
O sonho de minha infância tinha seus dias de pesadelo. As responsabilidades e compromissos foram aumentando, tive algumas dificuldades nas matérias escolares, sofri muita inveja por ter muitos amigos e carisma. Além disso o trabalho era desgastante.
Passaram-se seis meses, e eu fui para São Paulo curtir meus 12 dias de férias com meus pais. Tudo parecia diferente. A casa e as panelas tinham encolhido, sentia falta dos meus amigos e das atividades do colégio. E assim s e passaram dois anos até que meus pais foram para a minha formatura do ensino médio e me levar de volta para casa.
Hoje, quando olho para trás, sinto saudades de tudo o que vivi, dos amigos que deixei e até mesmo dos dias em que chorava e pensei em desistir de tudo. Mas eu sei, que todas as coisas que passei lá me ajudaram a criar maturidade e a me tornar na mulher que hoje sou.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Tudo o que vai mal pode vir a piorar



Você já teve um dia em que tudo parecia ter dado errado? Foi o que aconteceu comigo, com a diferença que não foi só um dia, foi quase um mês inteiro.
            Mais um semestre acabou e eu teria que dar um jeito de conseguir o dinheiro para pagar o restante do ano letivo. Como nas férias seguintes, viajei para uma cidade desconhecida para realizar palestras e vender livros nas empresas.
            Os primeiros dias foram um tremendo fiasco. Andava o dia todo abaixo de um sol escaldante, com uma roupa social nada confortável e as bolhas nos pés se faziam notar. A cidade parecia uma panela de pressão, pronta pra queimar meus neurônios – tão necessários para convencer os empresários a participar do meu projeto.
            A empolgação do início do dia foi diminuindo conforme os nãos das empresas aumentavam. Numa delas fiquei esperando o dono, sentada numa cadeira dura durante três horas. Quando ele finalmente decidiu me atender, após 5 minutos de conversa fui dispensada. Para piorar, estava sozinha num lugar em que não conhecia ninguém. Minha companheira de trabalho chegaria dentro de três dias e até lá eu teria que conversar com as paredes.
Quando o trabalho finalmente começou a engrenar, a cidade sofreu uma enchente e ficamos sem material pra trabalhar. Entramos no velho carro que tínhamos a disposição para buscar os livros necessários na cidade vizinha. Tínhamos 2 horas para ir a São João da Boa Vista e voltar para Vargem Grande do Sul, trocar de roupa, arrumar o equipamento e chegar na empresa.
Após pegar o material, na metade do caminho de volta percebemos que havia algo errado. Por ser um carro velho, o tanque estava no fim da reserva e o marcador não mostrava. Foi uma vergonha só ir jogando o carro de um lado para o outro na pista a fim de usar os suspiros finais do combustível. Felizmente o carro só parou de vez bem em frente a uma bomba de gasolina.
Na hora de sair para a palestra, guardamos tudo no carro e não percebemos que a chave ficou trancada dentro do porta malas. A Sílvia sugeriu tentar abrir a porta com a chave da salinha onde estávamos dormindo e por sorte funcionou. Chegando à empresa, a pessoa com quem eu tinha fechado contrato não estava presente. Nossa plateia era só de mulheres Não riram de nenhuma piada contada na palestra e ninguém ficou com os nossos livros. Se eu não mostrasse o contrato, nem a nossa taxa de matrícula iríamos ganhar.
Apesar de que tudo que vai mal pode vir a piorar, as coisas em algum momento melhoram. Praticamente na hora de voltar às aulas, tivemos uma palestra maravilhosa – até a hora de o empresário assinar o cheque dos livros. Só faltei apanhar do homem, mas no fim ele decidiu nos pagar.
Ao fazer as contas do meu lucro naquelas férias, percebi que tinha o dinheiro exato para voltar para a faculdade. Apesar de todo o sofrimento e desgraça, nosso esforço foi recompensado e as metas atingidas. Em nenhuma férias mais saí tão bem financeiramente quanto naquela, onde não podia se esperar nada da cidade de Vargem Grande do Sul.